quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

DRAMA E CRIME EM DUAS TRAGÉDIAS DE AMOR

O perdão concedido a dois idosos pelo Presidente da República da Itália, Sergio Mattarella, provocou um forte debate naquele país. Duas histórias dramáticas, dois assassinatos cometidos por idosos contra seus entes queridos. Eles tiraram a vida de suas mulheres que viviam com a doença de Alzheimer. “Meu pai teve a coragem de dizer o suficiente e, por isso, nunca precisei perdoá-lo” disse uma das filhas em uma das tramas. Leia mais...


A piedade e a compreensão levaram o Presidente da República recentemente  a assinar decretos individuais de clemência para os anciãos que já haviam descontado alguns anos de prisão.

Vitangelo Bini, 89, ex-policial da cidade, em dezembro de 2007 matou  a esposa, Mara Tani, que vivia em estado vegetativo e terminal, para não vê-la sofrer no hospital onde estava internada. "Ninguém pode cuidar dela como eu faço" advogou para justificar seu ato.

- Antes de atirar, ele a beijou. Por doze anos ele a curou com uma dedicação extraordinária. Vestiu-a para dormir, leu o jornal para que ela  sentisse pelo menos uma voz” disse a filha do casal ao jornal Repubblica.

Giancarlo Vergelli, 88, (foto Lanazione) foi outro idoso condenado em fevereiro de 2016 a uma pena de 7 anos e 8 meses por ter assassinado dois anos antes a sua esposa, de mesma idade, doente com Alzheimer. Mas igual a Vitangelo, ele recebeu a clemência presidencial.

Os casos, além das lágrimas que escorreram em todos os envolvidos nos julgamentos, fizeram refletir a professora de filosofia, Michela Marzano: "Você pode se atrever a dar um juízo sobre o gesto de um homem com mais de 80 que mata mulher que sofre de Alzheimer? Obviamente não. Michela acrescentou que fazer isso significaria trair a humanidade que nos diferencia como pessoas.

Para a professora essa deve ter sido a orientação que teve o Presidente Mattarella quando ele decidiu conceder perdão a Vergelli e Bini. “Essa piedade humana que nos leva à compaixão mesmo quando não compreendemos, para perdoar também quando talvez tivéssemos agido de forma diferente".

Os casos, todavia, passado agora para a opinião publica, certamente modificarão os juízos e as sentenças, visto que outros crimes poder-se-iam cometer em nome da misericórdia que teve o governo italiano. Assumir a eliminação de pessoas doentes, em qualquer caso e circunstâncias, colocará o criminoso nas penas da Lei, sem perspectivas de perdão, já que o crime agora poderia se dar em função da sensibilidade e do expediente que protagonizou o presidente Sergio Mattarella.

VALE A PENA SABER
A população mundial de pessoas com mais de 65 anos ultrapassou pela primeira vez a quantidade de crianças com até 5 anos, segundo dados das Nações Unidas.


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