sábado, 9 de março de 2019

CIDADE AMIGA DO IDOSO BEM LONGE DO BRASIL

“O que falta é o compromisso real com o grupo que mais cresce da população. Precisamos de investimento em cuidados e na atenção primária e secundária, nos hospitais, na comunidade… Precisamos de prevenção, promoção da saúde”. As críticas pela falta de políticas públicas para idosos são de 2017, feitas por Alexandre Kalache, médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestre em medicina social pela The London School of Hygiene & Tropical Medicine ...

Kalache é doutor em epidemiologia pela University of London e um dos mais renomados especialistas em envelhecimento no mundo. Foi ele que em 2008 criou o projeto Cidade Amiga do Idoso, que já congrega mais de 500 cidades ao redor do globo, poucas delas no Brasil, e nenhuma capital em nosso país ainda adotou o modelo.

Ele citava na época, na Revista da Cultura, dados brasileiros que comparou com outros países e o que se pode ver é que a situação em nosso país só mudou nas estatísticas, para pior.  Mas como mudaremos esse cenário, se o país continua a avançar de precipício em precipício? Questionava para responder ele mesmo, em seguida.

“Com a revolução da longevidade, a vida deixa de ser uma corrida de 100 metros para ser uma maratona. E qualquer pessoa que fez uma maratona sabe que você só chega ao fim dela em boa forma” alerta ele, que defende a genética como responsável por apenas 25% do envelhecimento saudável e que a maior parte vem das condições ambientais” afirma.

O médico comentou que atualmente a longevidade trouxe mais anos de vida, e não só de velhice, o que exige vida dentro de um ambiente, de um entorno social que apoie para poder envelhecer bem.

Para Kalache, ainda, o envelhecimento ativo, que prioriza oportunidades de saúde, participação e segurança para a garantia da qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem, não seria uma utopia.

- Não, se fosse utopia, você não veria em vários países as políticas adequadas para o envelhecimento ativo. Se fosse utopia, você não veria pessoas que podem exercer essas escolhas, envelhecendo de forma ativa e plena.

Capacitação da família para o convívio, orientação sobre poupança financeira, cenário de doenças crônicas e incapacitantes foram outras considerações de Kalache para alertar sobre um futuro que se desenha para os novos idosos, como o de morte em instituição, em hospital, precedida quase sempre de semanas, meses, às vezes anos de sofrimento e despesas.

As observações do médico continuam à disposição, grátis, para governantes que tenham compromisso com a cidade e visão de capital de votos. Idosos é uma população crescente que possui o hábito de votar e são sempre gratos a quem cuida dela.

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