domingo, 10 de março de 2019

ESPIRITUALIDADE: VALE A PENA VIVER DE NOVO !

O fato de a velhice ser considerada a última etapa da vida faz com que ocorra um aumento na frequência sobre o pensar na morte,  sobretudo, a respeito do que vem depois dela. A questão da finitude na velhice torna-se mais próxima e até real, afirmam pesquisadores, e também que a espiritualidade constituiu-se em fator de suporte para enfrentar desafios, frustrações e sofrimentos, além de melhorar consideravelmente a saúde e a qualidade de vida ...


Para eles há uma tentativa na atualidade de dissociar a imagem de velhice a imagens de doença e morte, mascarando a realidade e submetendo a sociedade a uma conspiração do silêncio.  Ao pensar no processo do envelhecer em seu aspecto multidimensional os estudiosos reconhecem a importância de uma base emocional e motivacional na busca de um significado para a vida e que a religiosidade e a espiritualidade são recursos de enfrentamento para situações adversas.

A pesquisadora do Instituto de Psicologia (IP) da USP, Gabriela Machado Giberti, concluiu no ano passado que ignorar a morte ou tratá-la como tabu traz sofrimento durante o processo de envelhecimento. Em um trabalho desenvolvido por ela, a autora pode perceber que os idosos possuíam dificuldade em encontrar pessoas (familiares e profissionais da saúde) com quem pudessem discorrer  sobre a questão da finitude da vida. Gabriela observou ainda  que esse afastamento  ocorre devido à cultura contemporânea que faz com que falar sobre a morte leva o interlocutor a também refletir sobre a sua própria existência, que é finita "o que causa medo e desconforto”, explica.

Pesquisas com o objetivo de conhecer os significados de espiritualidade e identificar a sua relação com a saúde constaram entre os resultados verificados a presença de ideias centrais relacionadas a "condutora de cura"; "força para enfrentar a doença" e "não existe medicina sem espiritualidade", levando a concluir que a espiritualidade é um conceito multidimensional que se relaciona diretamente com a saúde.

A noção de espiritualidade no entanto diferencia-se da religião. Segundo os pesquisadores do tema, as religiões possuem um código de ética que rege o comportamento e dita os valores morais. Para eles, espiritualidade não significa crença no Deus judaico-cristão-islâmico e crença em Deus não constitui espiritualidade. 

Sobre isso, a pesquisadora Luiza Guts, dissertando em pós graduação na Universidade Federal de Santa Catarina, lembrou que a espiritualidade remete a uma questão universal relacionada ao significado e ao propósito da vida, o significado da existência. Ela lembrou conceitos do professor de psiquiatria, Dan Blazer, referência internacional no assunto, que  identifica uma série de dimensões que constituem o bem-estar espiritual entre pessoas idosas: a independência de pensamento, a autotranscendência, a compreensão do significado do envelhecimento, a aceitação da vida como um todo e preparação para a morte.
   
O bem estar espiritual está associado ainda com menores índices de depressão, ideação suicida, desejo de morte e entre as definições atribuídas à espiritualidade, Jean-Jacques Rousseau, filósofo do Século XVI, definiu como a capacidade de ter fé, amar e perdoar, adorar, ver para além das circunstâncias e de transcender o sofrimento. Mais recentemente Andrew Solomon, filósofo norte-americano, apresenta a compreensão de espiritualidade como “nada menos que o amor bem pensado à vida”.

Kane Tanaka, uma supercentenária japonesa com a idade de 116 anos é agora a pessoa viva mais velha do mundo, verificada pelo Gerontology Research Group e reconhecida pelo Guinesse Book recentemente. Kane escreve poesias, mantém suas lembranças e há 9 anos, sendo entrevistada para um livro sobre a sua vida, atribuiu a sua longevidade a sua fé em Deus.

Vale a pena saber

Uma lei de 2017 privilegia o envelhecimento da velhice, dando prerrogativas aos idosos com mais de 80 anos, que ajuda consideravelmente principalmente em disputas judiciais. Porém, a vulnerabilidade do idoso nem sempre está ligada à faixa etária, e é preciso ter atenção para não tirar a prioridade dos “menos velhos".

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