segunda-feira, 15 de abril de 2019

NÂO FALTAM BOAS POLÍTICAS. FALTA REALIZÁ-LAS

“Enquanto os países desenvolvidos enriqueceram primeiro, para depois envelhecer, nós estamos envelhecendo com pobreza. E não só com pobreza, mas com muita desigualdade”, advertiu o médico Alexandre Kalache, epidemiologista e presidente do Centro Internacional de Longevidade – Seção Brasil, no programa Ciência Aberta, uma parceria da Folha de São Paulo com a Fapesp. Os estudiosos alertaram ainda que, sem cuidado, avanços obtidos até agora podem ser perdidos...

Kalache é um pioneiro no estudo das questões do envelhecimento, com 40 anos de atividades dedicadas ao tema, como professor, funcionário público internacional e ativista junto a organizações não governamentais. Foi um dos primeiros a visualizar o envelhecimento populacional como um fenômeno mundial e a apontar as potencialidades e os riscos a ele inerentes e em 1994 foi escolhido como diretor do Departamento de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O estudo considerado multicêntrico teve início em 2000, por iniciativa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), e na primeira edição foram entrevistadas pessoas de 60 anos ou mais de sete grandes cidades da América Latina e do Caribe, entre elas São Paulo. Com apoio da Fapesp, o estudo foi reeditado em São Paulo entre 2006 e 2010 e, em 2016, teve sua quarta edição.

Segundo os participantes do programa Ciência Aberta, o avanço observado em termos de expectativa de vida pode ser revertido muito rapidamente se não houver um cuidado permanente. Para Yeda Aparecida de Oliveira Duarte, professora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) e da Escola de Enfermagem (EE) da Universidade de São Paulo (USP), não falta boas políticas para idosos no Brasil, falta realizá-las.

“Pouco tempo atrás, tínhamos a questão do envelhecimento do idoso como primeiro item do Pacto pela Saúde. Mas sem verba, sem meios para implementar. Não precisamos de mais políticas e sim que as existentes sejam executadas”, afirmou.

Sobre os riscos da longevidade, também, um estudo publicado na revista científica "The Lancet" que analisou dados da carga de doenças nos últimos 30 anos conclui que o brasileiro passou a viver mais e melhor (as expectativas de vida ao nascer aumentou seis anos e a de vida saudável, cinco), mas essas melhorias não foram suficientes para eliminar as injustiças em saúde.

No Ciência Aberta também se comentou dados inéditos do Ministério da Saúde que recentemente disparam um novo alerta: o crescimento no índice de mortalidade por doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas na população de 30 a 69 anos, consideradas mortes evitáveis e prematuras e não faltaram críticas ao SUS: “O SUS vive um crônico subfinanciamento, menos da metade do gasto total em saúde é público. Além de pouco, parte dos recursos é desperdiçada por ineficiência” acusam.

VALE A PENA SABER
Estudo científico desenvolvido pelas alunas Letícia Staroski Machado e Letícia Costa de Oliveira, do curso de Direito do Centro Universitário Uninter constatou que, em média, quatro idosos são maltratados por hora no Brasil.

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